Do protótipo ao mercado: como lançar seu produto ao espaço sem se perder no caminho (ou na burocracia)?

O processo de buscar o product-market fit é um dos mais cruciais para o sucesso de um produto. Afinal, é ele que permite que a solução atenda às necessidades do mercado de maneira eficaz e eficiente. Por isso, neste texto, vamos mostrar a você como atingir o product-market fit, passando pelas etapas de definição do problema e público-alvo, definição de hipóteses, teste e validação da solução e gestão do backlog. Além disso, também indicaremos as melhores técnicas, métodos e livros para ajudar sua equipe a buscar esse objetivo. E para que você tenha uma ideia mais clara de como colocar essas teorias em prática, traremos um exemplo aplicado, com passo a passo detalhado. Então, vamos mergulhar nessa jornada e descobrir juntos como encontrar a solução ideal para o seu mercado!

Para começarmos, é importante ressaltar que a etapa de Problem x Solution fit é um passo anterior ao product-market fit (foco desse artigo), e é essencial para que se possa alcançar a etapa de product-market fit. Esta etapa diz respeito à validação do problema que a solução pretende resolver e da solução em si. Ou seja, o objetivo é confirmar que a solução é realmente capaz de resolver o problema identificado e que o público-alvo está disposto a utilizar essa solução. Portanto, partindo do princípio que a etapa de Problem x Solution fit já foi alcançada, podemos avançar para a etapa de product-market fit, que envolve a adaptação da solução para atender às necessidades e expectativas do mercado e do público-alvo, de forma a obter a adoção em massa da solução e alcançar o sucesso comercial.

 

Primeira etapa: Visão do Produto

Partindo de uma solução técnica definida, ou seja, um produto ou serviço que resolva um problema, a criação da visão é um dos passos mais importantes no processo de desenvolvimento de um produto. A visão deve ser inspiradora e concisa, descrevendo o problema que a solução resolve, o público-alvo e o valor que ela oferece. É importante que ela consiga projetar uma “imagem do futuro” na imaginação das pessoas que a leiam, portanto, ela deve ser clara o suficiente para que todos entendam onde queremos chegar, mas, não detalhada demais ao ponto de ser prescritiva ou limitar a criatividade e a inovação.

Existem várias estruturas e modelos que podem ajudar na criação da visão. Um deles é o Business Model Canvas, desenvolvido por Alexander Osterwalder e Yves Pigneur. O Business Model Canvas é uma ferramenta visual que ajuda a descrever e visualizar as principais partes de um modelo de negócios, incluindo a proposta de valor, segmentos de clientes, canais de distribuição, relacionamento com o cliente, fontes de receita, recursos chave, atividades chave, parcerias chave e estrutura de custos.

Outra estrutura que pode ser útil é o Value Proposition Canvas, também desenvolvido por Osterwalder e Pigneur. O Value Proposition Canvas ajuda a descrever e visualizar a proposta de valor do produto, incluindo os trabalhos, as dores e os ganhos do cliente.

Especialmente, essa última técnica, pode ser integrada com Design Thinking na etapa de Problem x Solution Fit. A ferramenta ajuda a descrever a proposta de valor de um produto ou serviço, detalhando os perfis do cliente, seus trabalhos (Jobs to Be Done) e as dores e ganhos associados a esses trabalhos, além dos produtos e serviços oferecidos para atender a esses trabalhos.

O Jobs to Be Done é uma abordagem que enfatiza a compreensão das necessidades do cliente, ou seja, os trabalhos que os clientes estão tentando realizar com o uso de um produto ou serviço. Em vez de se concentrar nas características do produto ou serviço em si, a abordagem Jobs to Be Done procura entender como esses produtos e serviços podem ajudar os clientes a realizar seus trabalhos de maneira mais eficiente.

O Design Thinking também é uma abordagem que pode nos ajudar muito aqui, já que enfatiza a empatia com os usuários e a experimentação para criar soluções centradas no usuário. Ele pode ser usado para ajudar a equipe a entender as necessidades do cliente e a criar soluções que atendam a essas necessidades de maneira eficaz.

 

A visão do produto é como um farol em meio à neblina: ela guia a equipe de desenvolvimento em direção a um destino claro, iluminando o caminho para um produto de sucesso. E se essa visão não estiver clara, a equipe pode se perder em uma tempestade de ideias e acabar encalhando em uma praia deserta. É como disse o Capitão Jack Sparrow: “O problema não é o destino, é o caminho até lá”. Então, é importante ter uma visão clara para que todos possam remar na mesma direção e chegar ao sucesso do produto.

 

Exemplo prático:

Imagine uma solução de software para gerenciamento de tarefas e projetos. A visão para essa solução pode ser: “Ajudar equipes a serem mais produtivas, permitindo que gerenciem tarefas e projetos de maneira fácil e eficiente”. Essa visão descreve o problema que a solução resolve e o valor que ela oferece para equipes que desejam ser mais produtivas. As técnicas que detalhei acima podem te ajudar a chegar até essa visão.

 Livros de referência:

  • “Business Model Generation: Inovação em Modelos de Negócios”, de Alexander Osterwalder e Yves Pigneur – ISBN: 9788576088104. Neste livro, os autores apresentam uma metodologia inovadora para desenvolver e testar modelos de negócios de forma ágil e eficiente. Eles descrevem o “Business Model Canvas”, uma ferramenta visual que permite desenhar e comunicar um modelo de negócios de forma clara e simples. O livro é um guia prático para empreendedores, gestores e consultores que desejam inovar em seus modelos de negócios.
  • “Value Proposition Design: Como Construir Propostas de Valor Inovadoras”, de Alexander Osterwalder, Yves Pigneur, Gregory Bernarda e Alan Smith – ISBN: 9788576089958. Neste livro, os autores apresentam uma metodologia para criar propostas de valor inovadoras que atendam às necessidades dos clientes. Eles descrevem o “Value Proposition Canvas”, uma ferramenta visual que permite desenhar e testar uma proposta de valor de forma ágil e eficiente. O livro inclui casos práticos de empresas que usaram a metodologia com sucesso, bem como orientações detalhadas para sua aplicação.

 Livros de referência para Jobs to Be Done:

  • “Competing Against Luck: The Story of Innovation and Customer Choice”, de Clayton M. Christensen – ISBN: 9780062435613. Neste livro, Christensen e seus coautores descrevem a teoria de “jobs to be done” (tarefas a serem realizadas), que explica como as pessoas escolhem produtos e serviços com base na solução de problemas que enfrentam em suas vidas. O livro apresenta casos práticos de empresas que usaram essa teoria para criar produtos de sucesso, bem como orientações sobre como aplicá-la em sua própria empresa.
  • “Jobs to Be Done: Theory to Practice”, de Anthony W. Ulwick – ISBN: 9780979368106. Neste livro, Ulwick aprofunda a teoria de “jobs to be done” e apresenta uma estrutura sistemática para aplicá-la no desenvolvimento de produtos. Ele descreve o processo de descoberta dos jobs, de segmentação do mercado, de definição da proposta de valor e de validação do mercado. O livro inclui exemplos práticos de como empresas como a IBM, a Microsoft e a HP usaram a teoria para criar produtos de sucesso.

Livros de referência para Design Thinking:

  • “Design Thinking: Uma Metodologia Poderosa Para Decretar o Fim das Velhas Ideias”, de Tim Brown – ISBN: 9788576088937. Neste livro, Tim Brown, CEO da IDEO, apresenta a metodologia do Design Thinking, que propõe um olhar mais humano e empático para o desenvolvimento de produtos. A metodologia é baseada em 5 fases – Empatia, Definição, Ideação, Prototipação e Teste – e busca integrar os pontos de vista de diferentes áreas e disciplinas para gerar soluções inovadoras e centradas no usuário.
  • “The Design of Everyday Things”, de Don Norman – ISBN: 9780465050659. Neste livro clássico, Don Norman explora o design de produtos do ponto de vista da usabilidade e da experiência do usuário. Ele apresenta princípios fundamentais para um bom design, como a visibilidade, a compreensibilidade e a feedback, e oferece exemplos práticos de como aplicá-los. O livro é uma leitura essencial para qualquer pessoa envolvida no desenvolvimento de produtos, sejam eles físicos ou digitais.

 

Segunda Etapa: Definição das hipóteses: 

Com base na visão, é necessário definir um conjunto de hipóteses que serão testadas e validadas ao longo do processo de desenvolvimento do produto. Essas hipóteses devem incluir quem é o público-alvo, quais são seus principais desafios e como a solução pode ajudá-los.

Existem vários modelos e estruturas que podem ser utilizados para definir as hipóteses, como o Lean Canvas, desenvolvido por Ash Maurya, e o Business Canvas, de Osterwalder e Pigneur (novamente).

O Lean Canvas é uma ferramenta visual que ajuda a descrever e visualizar as principais partes de um modelo de negócios, incluindo a proposta de valor, segmentos de clientes, canais de distribuição, relacionamento com o cliente, fontes de receita, recursos chave, atividades chave, parcerias chave e estrutura de custos.

Definir hipóteses para testar é um passo fundamental no processo de busca pelo product-market fit. Hipóteses são afirmações que descrevem uma suposição sobre o que a equipe acredita que irá funcionar para resolver um determinado problema. Essas afirmações devem ser claras, específicas e mensuráveis, para que possam ser testadas com o público-alvo. Lembre-se que, quando falo sobre problemas aqui, já não são mais problemas de Problem x Solution fit. Aqui estamos falando de problemas no sentido de produto e mercado.

 

“Definir hipóteses é como ser um detetive em um filme de mistério: você tem pistas, suspeitos e teorias, mas só vai descobrir a verdade quando chegar ao final do filme – ou, neste caso, quando validar suas hipóteses.”

 

Para definir hipóteses para testar, a equipe pode seguir a estrutura de “If…Then…Because”. Essa estrutura ajuda a equipe a definir as suposições de maneira clara e organizada.

 Aqui estão os passos para definir hipóteses utilizando a estrutura “If…Then…Because”:

  •  Identifique o problema que deseja resolver: Antes de definir as hipóteses, é importante identificar o problema que a equipe está tentando resolver e as necessidades do público-alvo.
  •  Identifique a suposição a ser testada: A equipe deve identificar a suposição que deseja testar. Por exemplo, “Se nós adicionarmos uma funcionalidade de compartilhamento nas redes sociais, então mais pessoas vão compartilhar nossos posts, porque acreditamos que o compartilhamento social aumentará o alcance de nossos posts”.
  •  Defina as condições do teste: A equipe deve definir as condições do teste, que incluem o público-alvo, o período de tempo do teste e a métrica que será usada para avaliar o sucesso do teste.
  •  Crie um plano de teste: A equipe deve criar um plano de teste para colocar a hipótese em prática. O plano de teste deve incluir a criação de um MVP para testar a hipótese, a definição de um grupo de teste e o monitoramento da métrica escolhida.
  •  Realize o teste e avalie os resultados: A equipe deve realizar o teste e avaliar os resultados. Se a hipótese for confirmada, a equipe pode continuar a desenvolver a solução com base nessa hipótese. Caso contrário, a equipe deve refinar a hipótese e criar um novo plano de teste para continuar a busca pelo product-market fit.

Ao seguir essa estrutura, a equipe pode definir hipóteses claras e específicas e testá-las com o público-alvo de maneira eficaz. Isso ajuda a equipe a obter feedback rapidamente e a iterar e melhorar a solução continuamente, com base nas necessidades e expectativas do público-alvo.

Exemplo prático:

Continuando o exemplo anterior, as hipóteses para a solução de gerenciamento de tarefas e projetos podem ser:

 ·      O público-alvo são equipes que trabalham em projetos complexos e têm muitas tarefas para gerenciar;

·      O principal desafio é manter as tarefas e projetos organizados e atualizados

·      A solução ajudará a resolver esse desafio, permitindo que as equipes gerenciem tarefas e projetos de maneira fácil e eficiente.

Perceba que uma hipótese não é uma pergunta, mas, uma afirmação que queremos investigar para saber se, em condições reais, pode ser confirmada.

Livros de referência:

  • “The Lean Product Playbook: How to Innovate with Minimum Viable Products and Rapid Customer Feedback”, de Dan Olsen – ISBN: 9781118960875. Neste livro, Dan Olsen apresenta uma abordagem prática e sistemática para criar produtos inovadores e de sucesso. O livro oferece orientações passo a passo para definir a visão do produto, identificar as necessidades do cliente e criar um MVP eficaz para testar as hipóteses. Olsen também inclui dicas valiosas sobre como coletar feedback dos clientes e como usar os dados para aprimorar o produto.
  • “The Innovator’s Dilemma: When New Technologies Cause Great Firms to Fail”, de Clayton M. Christensen – ISBN: 9781633691780. Neste livro clássico, Clayton Christensen descreve as razões pelas quais as empresas líderes em seus mercados frequentemente fracassam em inovar e adaptar-se às mudanças. O livro explora o dilema do inovador, que é a tensão entre a necessidade de investir em tecnologias existentes para manter a liderança e a necessidade de investir em novas tecnologias para manter-se relevante. Christensen também oferece insights valiosos sobre como as empresas podem superar esse dilema e inovar com sucesso.

 

Terceira Etapa: Teste e Validação:

O próximo passo é utilizar o modelo Lean Startup, desenvolvido por Eric Ries, e o framework Running Lean, de Ash Maurya, para testar e validar as hipóteses. O objetivo é criar um MVP (Minimum Viable Product) que possa ser testado com o público-alvo para colher feedback e validar as hipóteses.

O MVP (Minimum Viable Product) é uma etapa crucial no processo de desenvolvimento de um produto. Ele é responsável por testar a hipótese de valor do produto, ou seja, se as pessoas realmente querem e precisam daquilo que estamos desenvolvendo. É importante lembrar que o MVP não é a versão final do produto, mas sim uma forma de validar a ideia no mercado. E, para isso, é fundamental usar a criatividade e encontrar maneiras baratas e rápidas de criar um MVP que possa ser validado o mais rápido possível. O MVP nos ensina que é preciso falhar, testar e aprender rápido para que possamos evoluir e criar um produto que realmente atenda às necessidades do mercado.

Isso me lembra a famosa frase de Reid Hoffman, fundador do LinkedIn, que é “Se você não se envergonhou da primeira versão do seu produto, então você o lançou tarde demais”. A ideia por trás dessa frase é que é melhor lançar um produto logo no início, mesmo que ele ainda não esteja totalmente pronto ou tenha algumas falhas, para que possa ser validado pelos usuários e melhorado com base no feedback recebido. Isso permite que as empresas aprendam e se adaptem rapidamente às necessidades do mercado, evitando o desperdício de recursos no desenvolvimento de algo que não é desejado pelos clientes.

“Não é nada como a Matrix, mas o teste e validação é como escolher a pílula vermelha ou a pílula azul”.

O modelo Lean Startup é baseado em um ciclo de construir-medir-aprender. Ou seja, o objetivo é construir o MVP, medir o seu desempenho com o público-alvo e aprender com o feedback para iterar e melhorar a solução.

O framework Running Lean é uma abordagem prática para aplicar os conceitos do Lean Startup na criação de produtos. Ele inclui várias ferramentas e técnicas para ajudar na definição de hipóteses, criação de MVPs, testes com o público-alvo e validação de hipóteses.

A etapa de teste e validação é uma parte crucial do processo de busca pelo product-market fit. Nessa etapa, a equipe trabalha para testar as hipóteses e validar a solução com o público-alvo.

O passo a passo para a etapa de teste e validação pode ser dividido em três fases: planejamento, execução e avaliação. Aqui está uma explicação mais detalhada de cada fase:

 

Planejamento:

Nessa fase, a equipe trabalha para definir os testes que serão realizados, com base nas hipóteses que foram definidas. A equipe também deve definir as métricas que serão usadas para avaliar o sucesso dos testes. Aqui estão os passos para a fase de planejamento:

  • Refinar as hipóteses com base no feedback do público-alvo e dos testes anteriores;
  • Identificar as métricas que serão usadas para avaliar o sucesso do teste;
  • Definir o MVP (Minimum Viable Product) que será testado;
  • Criar um plano de teste do MVP, que inclui o público-alvo, o período de tempo do teste, a métrica escolhida e as atividades necessárias para testar a hipótese (o Roadmap do Produto, de Roman Pichler ajuda bastante neste ponto).
  • Estabelecer um cronograma para a execução do teste.

Execução:

Nessa fase, a equipe executa o teste com o público-alvo, com base no plano de teste definido na fase de planejamento. A equipe deve coletar feedback e dados para avaliar o sucesso do teste. Aqui estão os passos para a fase de execução:

  • Realizar o teste de acordo com o plano estabelecido;
  • Coletar feedback e dados relevantes;
  • Monitorar o progresso do teste para garantir que o plano criado para a validação esteja sendo seguido, assegurando que estamos testando a hipótese corretamente e reduzindo nossos vieses.

Avaliação:

Nessa fase, a equipe avalia os resultados do teste e decide se a hipótese foi validada ou se precisa ser refinada. Com base nos resultados do teste, a equipe pode decidir iterar e melhorar a solução ou pivotá-la para uma nova direção. Aqui estão os passos para a fase de avaliação:

  • Analisar os dados e feedback coletados durante o teste;
  • Avaliar se a hipótese foi validada ou se precisa ser refinada;
  • Decidir se a solução precisa ser iterada e melhorada ou “pivotada” para uma nova direção.

Ao seguir esses passos e utilizar as teorias e técnicas que citei, a equipe pode trabalhar de maneira mais eficaz para testar e validar a solução com o público-alvo, permitindo a busca pelo product-market fit.

Exemplo prático:

Continuando o exemplo anterior, um MVP para a solução de gerenciamento de tarefas e projetos pode ser uma versão simplificada do software, com recursos básicos de gerenciamento de tarefas e projetos. Esse MVP seria testado com um grupo seleto de equipes, que forneceriam feedback sobre o software e ajudariam a validar as hipóteses definidas anteriormente.

 

Livros de referência:

  • “Lean Startup: Como empresas inovadoras estão criando produtos radicais com design thinking, MVPs e desenvolvimento ágil”, de Eric Ries – ISBN: 9788576088500. Neste livro, Eric Ries apresenta uma metodologia para startups e empreendedores inovadores que desejam criar produtos de maneira ágil e eficiente. O livro oferece insights valiosos sobre o uso do design thinking, prototipagem e testes em um ciclo de desenvolvimento rápido. Ries enfatiza a importância de se concentrar em criar valor para os clientes e adaptar o produto às suas necessidades.
  • “Running Lean: Iterate from Plan A to a Plan That Works”, de Ash Maurya – ISBN: 9781449305178. Este livro apresenta uma abordagem prática e orientada a resultados para a criação de produtos inovadores. Maurya descreve um processo iterativo para testar hipóteses e validar a solução, além de fornecer dicas e ferramentas para maximizar a eficiência do processo. O livro também inclui exemplos reais de empreendedores que usaram essa abordagem para criar produtos de sucesso.

 

Quarta Etapa: Product-Market Fit:

Com base nos resultados dos testes e validações anteriores, o próximo passo é trabalhar para obter o product-market fit. Isso significa ajustar a solução para atender às necessidades do público-alvo e satisfazer seus principais desafios.

Existem várias ferramentas e estratégias que podem ajudar nessa fase, como o Customer Development, de Steve Blank.

O Customer Development é uma abordagem que enfatiza a compreensão do mercado e dos clientes. Ele inclui várias fases, como descoberta do cliente, validação do cliente, criação de um MVP e criação de um modelo de negócios.

A teoria da Difusão da Inovação, de Everett Rogers, e o livro Crossing the Chasm, de Geoffrey Moore, podem ser úteis para trabalhar a etapa de product-market fit, pois ambos tratam da adoção de novas tecnologias e como elas são aceitas pelo mercado.

A teoria da Difusão da Inovação é baseada em cinco categorias de adotantes de novas tecnologias: inovadores, adotantes iniciais, maioria inicial, maioria tardia e retardatários. Cada categoria tem suas próprias características e influências sobre a adoção de novas tecnologias.

Por que as inovações nunca se sentem sozinhas? Porque elas sempre são acompanhadas de seus adotantes!

Sim… Foi horrível. Mas, vamos em frente!

Já o livro Crossing the Chasm, de Geoffrey Moore, apresenta um modelo para entender como as tecnologias são adotadas no mercado. O modelo descreve um abismo que precisa ser cruzado para que as tecnologias possam alcançar a maioria do mercado. Esse abismo ocorre entre os adotantes iniciais e a maioria inicial.

Para utilizar essas teorias para trabalhar a etapa de product-market fit, é importante entender em qual categoria de adotantes o seu público-alvo se encontra e o que motiva esses adotantes a usar sua solução. Se o seu produto é uma inovação radical, é importante entender como alcançar os inovadores e os adotantes iniciais. Por outro lado, se seu produto é uma melhoria incremental em relação a uma solução já existente, é importante entender como alcançar a maioria inicial e tardia do mercado.

O livro Crossing the Chasm também pode ser útil para entender como superar o abismo entre os adotantes iniciais e a maioria inicial. O modelo de Moore descreve que para superar o abismo, é necessário focar em um nicho específico do mercado e criar um produto que atenda às suas necessidades específicas. Isso pode ser feito através de segmentação de mercado e personalização da solução.

Dessa forma, essas teorias podem ser utilizadas para ajudar a equipe a entender melhor o público-alvo e a trabalhar na criação de uma solução que atenda às suas necessidades específicas. Isso pode ajudar a alcançar o product-market fit, criando uma solução que seja adotada pelo mercado e que atenda às necessidades dos seus usuários. Lembre que, quando falo de mercado, não me refiro ao mercado comercial, mas, a um lugar em que haja a demanda para a solução de um problema (ou que você possa cria-la) e onde seja possível ofertar uma solução. Isso pode ser uma equipe em sua organização, por exemplo. Ela pode ser seu mercado inicial.

 

Exemplo prático:

Continuando o exemplo anterior, com base no feedback recebido dos testes com o MVP, a solução de gerenciamento de tarefas e projetos pode ser ajustada para incluir recursos adicionais que ajudem a atender às necessidades e desafios das equipes. Por exemplo, pode-se incluir a funcionalidade de atribuir tarefas a membros da equipe, definir prazos e prioridades, além de oferecer relatórios de progresso para que as equipes possam acompanhar o status de seus projetos. Tudo isso deve ser feito em colaboração com as equipes, para garantir que a solução esteja atendendo às suas necessidades e expectativas.

 

Livros de referência:

  • “Design Thinking: Uma Metodologia Poderosa Para Decretar o Fim das Velhas Ideias”, de Tim Brown – ISBN: 9788576089507. O livro apresenta a metodologia do Design Thinking, que propõe um olhar mais humano e empático para o desenvolvimento de produtos, integrando diferentes pontos de vista e disciplinas. São 5 fases: Empatia, Definição, Ideação, Prototipação e Teste.
  • “The Four Steps to the Epiphany: Successful Strategies for Products That Win”, de Steve Blank – ISBN: 9780989200509. O livro apresenta um modelo de desenvolvimento de produtos que se concentra em descobrir e validar o mercado antes de investir em uma solução. Inclui uma abordagem passo a passo para o desenvolvimento de um produto bem-sucedido, com exemplos de empresas que usaram a metodologia com sucesso.
  • “A Difusão da Inovação”, de Everett Rogers – ISBN: 9788532618451. O livro é um clássico do autor e descreve a teoria da difusão da inovação, explicando como as novas ideias se espalham por meio das interações sociais. O livro apresenta uma série de exemplos e casos práticos.
  • “Crossing the Chasm: Marketing and Selling High-Tech Products to Mainstream Customers”, de Geoffrey Moore – ISBN: 9780060517120. O livro aplica a teoria de Everett Rogers a produtos de alta tecnologia, descrevendo as diferenças entre os diferentes tipos de adotantes de tecnologia e explicando como as empresas podem atravessar o chamado “abismo” entre os primeiros adotantes e o mercado mainstream. É um livro clássico no setor de tecnologia e startups.

Framework Scrum:

O Scrum é um framework ágil que pode ser aplicado para ajudar a equipe a iterar e melhorar a solução continuamente. Ele inclui várias cerimônias, como sprint planning, daily scrum, sprint review e retrospectiva, que ajudam a equipe a se manter focada nas tarefas que levam ao alcance do objetivo de obter o product-market fit.

O Scrum é baseado em uma abordagem iterativa e incremental, em que o produto é construído em sprints curtos, geralmente de duas a quatro semanas. Cada sprint é composto por várias etapas, como planejamento, desenvolvimento, revisão e retrospectiva.

As informações e aprendizados das etapas anteriores, incluindo a etapa de definição de hipóteses e a etapa de teste e validação, podem ser úteis para o Product Owner na gestão e priorização do backlog e na estratégia geral do produto.

“O sucesso não é entregue em bandeja de ouro, é construído em uma base sólida de trabalho em equipe, colaboração e um processo ágil de melhoria contínua.” – Jeff Sutherland, co-criador do Scrum.

Aqui estão algumas maneiras pelas quais as informações e aprendizados anteriores podem ajudar o Product Owner na etapa do Scrum:

 Priorização do backlog:

As informações coletadas durante as etapas anteriores podem ajudar o Product Owner a priorizar o backlog com base nas necessidades e expectativas do público-alvo. O feedback e dados coletados durante o teste podem ser usados para definir quais recursos e funcionalidades são mais importantes para atender às necessidades do cliente e alcançar o product-market fit.

 

Definição de objetivos:

As informações coletadas durante as etapas anteriores podem ajudar o Product Owner a definir objetivos claros para o produto. Esses objetivos podem ser usados para orientar a equipe e garantir que a solução esteja alinhada com as necessidades e expectativas do mercado.

 

Estratégia geral do produto:

As informações coletadas durante as etapas anteriores também podem ser usadas para definir a estratégia geral do produto. A equipe pode usar essas informações para identificar as tendências do mercado, as necessidades do público-alvo e os concorrentes, e para adaptar a solução de acordo com as necessidades e expectativas do mercado.

 

Refinamento contínuo do backlog:

O Scrum também permite que o backlog seja refinado continuamente com base no feedback e aprendizado da equipe. Isso significa que a equipe pode usar as informações coletadas durante as etapas anteriores para iterar e melhorar a solução ao longo do tempo, de forma a atender continuamente às necessidades do mercado.

 

Exemplo prático:

Continuando o exemplo anterior, o Scrum pode ser aplicado para ajudar a equipe a iterar e melhorar a solução continuamente. Por exemplo, a equipe pode usar o sprint planning para definir a meta da próxima sprint, com base no feedback recebido do público-alvo e nas necessidades das equipes. A meta pode contribuir para a validação de uma hipótesse do produto e, consequentemente, para a meta do produto, criando uma conexão entre hipótese a ser validada -> meta do produto -> meta da Sprint.

 Durante o sprint, a equipe realiza as tarefas planejadas e se reúne diariamente no daily scrum para compartilhar atualizações e identificar quaisquer obstáculos que possam estar impedindo o progresso.

 Ao final do sprint, a equipe realiza uma sprint review para compartilhar o que foi realizado e receber feedback do público-alvo. A equipe também realiza uma retrospectiva para identificar o que funcionou bem e o que precisa ser melhorado, e ajustar o processo para o próximo sprint.

 

Livros de referência:

  •  “Scrum: A Arte de Fazer o Dobro do Trabalho na Metade do Tempo”, de Jeff Sutherland – ISBN: 9788576089750. Este livro é escrito pelo co-criador do Scrum e apresenta o framework com foco em gestão de projetos de forma ágil. O livro apresenta uma visão geral do Scrum e ensina como implementar a metodologia, utilizando exemplos e casos práticos para ilustrar conceitos.
  • “The Agile Samurai: How Agile Masters Deliver Great Software”, de Jonathan Rasmusson – ISBN: 9781934356586. Este livro apresenta a abordagem ágil de desenvolvimento de software com uma visão prática e orientada a resultados. O autor fornece dicas e truques para implementar o Scrum e outras metodologias ágeis, além de ilustrar a aplicação com exemplos reais.
  • “Essential Scrum: A Practical Guide to the Most Popular Agile Process”, de Kenneth S. Rubin – ISBN: 9780137043293. Este livro é um guia prático para a implementação do Scrum em projetos de desenvolvimento de software. O autor fornece informações detalhadas sobre as práticas, artefatos e papéis do Scrum, além de explicar como adaptar a metodologia às necessidades de diferentes projetos. O livro também inclui exemplos e casos práticos para ajudar na compreensão dos conceitos.

Conclusão

Buscar o product-market fit pode ser comparado a uma jornada emocionante de descoberta e experimentação, onde a equipe se aventura por caminhos desconhecidos para encontrar a solução perfeita para as necessidades do mercado. É como um grande jogo de quebra-cabeça, onde cada peça é uma hipótese a ser testada e validada. Mas não se preocupe, essa jornada não precisa ser um mar de dúvidas e confusão. Utilizando as teorias e metodologias certas, como Jobs to Be Done, Design Thinking, Lean Startup e Scrum, a equipe pode navegar nesse oceano de incertezas com mais confiança e direcionamento, e chegar ao seu objetivo final – o product-market fit!

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