Até onde vai a sua capacidade de se lembrar dos outros? A ciência explica!

Quantas pessoas você é capaz de lembrar pelo nome? E quantas delas você considera seus amigos próximos? Provavelmente, esses números não são tão grandes assim. Mas você já parou para pensar por que isso acontece? Será que existe um limite natural para a nossa capacidade de manter relacionamentos significativos? É aí que entra a teoria do número de Dunbar.

O antropólogo Robin Dunbar propôs que existe um limite no número de relacionamentos sociais significativos que uma pessoa é capaz de manter, independentemente do contexto em que ela está. Esse limite é determinado pela capacidade cognitiva do nosso cérebro e pelo tamanho do neocórtex, a parte do cérebro responsável pelo processamento de informações sociais. De acordo com Dunbar, existem três camadas de relacionamentos sociais: a camada íntima, a camada intermediária e a camada mais externa.

Mas quais são os números exatos que definem essas camadas? Vamos aprofundar cada um desses números para entender melhor:

O número 5:

Esse número está relacionado à camada íntima de relacionamentos sociais, aquelas pessoas com quem interagimos mais intimamente e em quem confiamos mais. Segundo a teoria de Dunbar, essa camada é composta por cerca de 5 pessoas, o que se conecta exatamente com a teoria da limitação da memória de curto prazo, proposta pelo psicólogo George Miller. A teoria de Miller sugere que as pessoas são capazes de lembrar de cerca de sete elementos de informação, mais ou menos dois, antes de precisar de uma lista de lembrete. Ele chamou esse limite de “a magia de sete, mais ou menos dois” e explicou que a memória de curto prazo é limitada pela quantidade de informações que uma pessoa pode manter ativa em sua mente por um curto período de tempo. A teoria foi apresentada em um artigo de 1956 intitulado “The Magical Number Seven, Plus or Minus Two: Some Limits on our Capacity for Processing Information”.

Imagine que você precisa ir ao supermercado e tem uma lista de compras para lembrar. Você chega lá e decide que não precisa escrever a lista, confiando na sua memória para lembrar tudo. Você anda pelos corredores, lembrando dos itens que precisa, mas quanto mais tempo passa, mais difícil fica lembrar de todos eles. De repente, você se lembra de um item que esqueceu e começa a se esforçar para lembrar o que mais estava na lista. Esse é um exemplo da limitação da memória de curto prazo. A teoria de Miller nos lembra que a nossa capacidade de lembrar informações é limitada e que, quando o número passa de 5 (7 + ou – 2), podemos precisar de uma lista para nos ajudar a lembrar.

Isso significa que o número 5 está relacionado aos limites naturais da memória de curto prazo e é uma quantidade que o cérebro humano é capaz de processar e armazenar de forma eficiente. A confiança também tem uma relação importante com o número 5, uma vez que é mais fácil estabelecer e manter um nível mais alto de confiança com menos pessoas.

 

O número 15:

Esse número representa a camada intermediária de relacionamentos sociais que uma pessoa é capaz de manter. Essa camada representa um grupo de pessoas com as quais uma pessoa tem um relacionamento mais forte do que com os outros na sua rede social, mas que ainda não são parte do seu círculo mais íntimo. Além disso, o número 15 tem uma conexão com a antropologia e com níveis naturais de confiança profunda. De acordo com a antropologia, o número 15 se relaciona com níveis naturais de confiança profunda, que podem ser definidos como a capacidade de tolerar um certo grau de traição. O número 15 pode variar um pouco com base no tamanho médio da família extensa em uma sociedade e provavelmente é um padrão de comportamento aprendido durante períodos chave de plasticidade do cérebro humano.

Imagine que você é um gerente de vendas e tem uma equipe de 15 vendedores. De acordo com a teoria de Dunbar, é provável que você consiga manter um relacionamento mais forte com cada um deles do que se tivesse uma equipe maior. Isso significa que você pode ser capaz de fornecer mais orientação e suporte personalizado a cada um dos seus vendedores, o que pode ajudá-los a se desenvolverem e alcançarem melhores resultados em vendas. Além disso, como você conhece melhor seus vendedores, pode ser mais eficiente em identificar e lidar com problemas ou preocupações antes que eles afetem o desempenho da equipe.

 

O número 150:

Esse número representa o tamanho máximo da rede social que uma pessoa pode manter, incluindo os relacionamentos mais fracos. Conforme a teoria de Dunbar, esse número é baseado na capacidade cognitiva humana e no tamanho do neocórtex, que é responsável pelo processamento de informações sociais.

Mas, como isso se aplica no dia a dia? Vamos pensar em um exemplo simples. Imagine que você se muda para uma nova cidade e decide participar de uma rede social online para se conectar com outras pessoas na região. Você começa adicionando amigos e familiares próximos, mas logo percebe que não conhece muitas pessoas na cidade. Então, você começa a procurar grupos online relacionados a seus interesses e hobbies e começa a participar de eventos em sua comunidade. Conforme você conhece mais pessoas e começa a se relacionar com elas, sua rede social começa a crescer. No entanto, à medida que você adiciona mais e mais pessoas à sua rede, é importante lembrar que você tem um limite natural de relacionamentos significativos que pode manter. Isso significa que, em algum ponto, você precisará decidir quais relacionamentos são mais importantes para você e investir mais tempo e energia neles, enquanto mantém outros em um nível mais superficial.

O número 150 sugere que há um limite natural para a capacidade das pessoas de manter um grande número de relacionamentos significativos, independentemente do contexto. Portanto, é importante avaliar cuidadosamente quais relacionamentos são mais importantes e significativos para você, a fim de investir mais tempo e energia neles.

 

Sobre burocracia e burocratização

As teorias por trás dos números 5, 15 e 150 nos ajudam a entender como as pessoas se relacionam e interagem em diferentes contextos. O número 5 representa a camada mais íntima de relacionamentos sociais, enquanto o número 15 representa a camada intermediária de relacionamentos. O número 150 representa o tamanho máximo da rede social que uma pessoa pode manter, incluindo os relacionamentos mais fracos.

Compreender esses números pode ser útil para estabelecer relacionamentos sociais mais significativos e saudáveis, gerenciar nossas expectativas e tomar decisões mais eficientes em situações que envolvem a memória de curto prazo.

Isso significa que mesmo em um mundo altamente conectado, com redes sociais e comunicação digital, nosso cérebro é capaz de manter relações significativas com apenas um número limitado de pessoas. Quando tentamos manter relacionamentos significativos com mais pessoas do que nosso cérebro é capaz de gerenciar, a confiança pode começar a diminuir, e é aqui que a burocracia entra em jogo.

A burocracia, em termos simples, é a implementação de regras e regulamentos para governar relações sociais. Quando não somos capazes de confiar em todas as pessoas com quem nos relacionamos, precisamos de proteção contra possíveis problemas, e a burocracia fornece essa proteção.

Empresas maiores e mais estabelecidas são frequentemente acusadas de serem excessivamente burocráticas (burocratização), e isso pode ser em parte devido ao fato de que elas precisam lidar com um grande número de pessoas e relacionamentos. Por outro lado, as startups, geralmente menores, tendem a ser menos burocráticas. À medida que elas crescem e começam a lidar com mais pessoas e relacionamentos, a necessidade de burocracia aumenta.

Tudo isso é muito interessante quando consideramos como nossos cérebros funcionam e como isso impacta nossas relações sociais. Saber disso pode ajudar a entender por que a burocracia é necessária e por que ela pode ser um problema em certas circunstâncias. Às vezes, é importante ter regras e regulamentos para proteger a confiança em nossas relações, mas é igualmente importante lembrar que essas regras não são uma solução única para todos os problemas. É preciso encontrar um equilíbrio entre a burocracia necessária e a flexibilidade que permite o desenvolvimento de relacionamentos significativos e saudáveis.

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